Page 37 - Revista da Ordem - Edição 36
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                                          da Cultura precisa se especializar em    demanda a atuação de profissionais           2017 | abril | REVISTA dA ORDEM
                                          Direito Civil para entender de con-      da advocacia”, enumera.
         O direito à cultura é            tratos, de obrigações, de sucessões,
         um direito de todos.             de direitos do consumidor, de direi-         Conrado lembra que já existem
Por isso, nós, advogados,                 tos autorais, de licitações, de leis de  no Brasil grandes escritórios especia-
temos a responsabilidade                  incentivo. “São muitas as competên-      lizados na área da cultura. “Um dos
de dar voz à sociedade                    cias desejáveis. O direito à cultura     mais conhecidos é do Pinheiro Neto,
quando esse direito fica                  é um direito de todos. Por isso, nós,    em São Paulo, que trabalha com en-
ameaçado em situações                     advogados, temos a responsabilidade      tretenimento e compliance. O Paraná
como o fechamento de um                   de dar voz à sociedade quando esse       também tem profissionais especiali-
museu ou a redução de                     direito fica ameaçado em situações       zados. O campo é absolutamente vas-
um corpo de balé”.                        como o fechamento de um museu ou         to e o modelo de outros países indica
                                          a redução de um corpo de balé. Esses     que há espaço para crescer. Lembro
              Marcelo Miguel Conrado      assuntos que estão no nosso cotidia-     do Donald Burris, que esteve na OAB
                                          no são questões do Direito”, sustenta.   em evento promovido pela Comissão
                                                                                   de Assuntos Culturais. O escritório
                                              As notícias que relacionam Direito   dele trabalha na recuperação de obras
                                          e Cultura estão todos os dias na mídia,  de arte. Existe, aliás, até ranking dos
                                          aponta ele. “Alguns exemplos: o Insti-   escritórios que atuam nesse segmento
                                          tuto do Patrimônio Histórico e Artís-    das artes”, conta.
                                          tico Nacional (Iphan) acabou de defi-
                                          nir procedimentos de controle para a         E os desafios? Para Conrado, de-
                                          compra de obras de arte, de modo a       safiador no ramo do Direito da Cul-
                                          evitar crimes de lavagem de dinheiro;    tura é dar sentido ao que já existe.
                                          temos a exposição das obras recupe-      “O que é novo hoje? Muito pouco.
                                          radas pela Lava Jato; a recente con-     Temos é que resignificar aquilo que
                                          denação do artista plástico Jeff Koons   já existe e que nos chega em um mo-
                                          por desrespeito a direitos autorais;     delo novo, de compartilhamento. O
                                          as biografias não-autorizadas; uma       serviço de transporte particular já
                                          recente decisão do Supremo Tribunal      existia, mas o Uber o ressignificou;
                                          Federal tornando os livros digitais      a hotelaria já existia, mas o Airbnb
                                          imunes a impostos, em isonomia com       a ressignificou. O mundo caminha
                                          que ocorre com obras impressas... En-    para a transformação e o comparti-
                                          fim, há um universo que se abre e que    lhamento. Atuar dentro desses con-
                                                                                   ceitos é o desafio”, avalia.

ra, patrimônio histórico e muito mais.
Quem acompanha nossa atuante co-
missão pode observar que as questões
vão bem além do universo jurídico.
Esse campo exige do advogado um
universo amplo de conhecimento, es-
tudo e gosto pela arte”, afirma.

    Seu entusiasmo é compartilhado
pelos 20 graduandos que atuam na
Clínica de Direito e Arte, coordenada
por ele na UFPR. “Além de promover
eventos de Direito e Arte, prestamos
assessoria jurídica para grafiteiros. Os
estudantes ficam empolgados em atu-
ar nesse ramo”, conta.

    Para Conrado, além de uma ba-
gagem cultural muito vasta, o pro-
fissional que busca atuar no Direito
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