Page 29 - Revista da Ordem - Edição 31
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“Ser mãe Estou realizada nesse Trajetória
caminho da adoção que a “A legalidade
reaviva vida me fez seguir é o caminho”
minha Liane Slobodian Motta Vieira, Com a experiência própria,
presidente da Comissão de Apoio à doutora Liane Slobodian Motta
luta na Vieira recomenda a quem de-
Vítima de Crime seja adotar filhos que supere te-
advocacia” mores e deias negativas quanto
A advogada garante que ser mãe à demora e à formalidade. Seu
Arotina da advogada Liane Slobo- reavivou sua fé na profissão. “Vejo nos processo foi longo, levando
dian Motta Vieira começa com meus filhos a pessoa humana titular de dois anos até a sentença de ha-
fraldas e leitinho quente. É assim direitos. Cada vez que me proponho a bilitação. “Juntamos inúmeros
há três anos desde que João Emanuel, defender alguém, tenho em mente que documentos e passamos por
então com 21 dias, chegou à casa dela e os estou defendendo também. Lutar entrevistas com psicólogos”,
do marido, o também advogado Fábio pela justiça, pela democracia, pela cida- relembra. Depois da habilita-
Roberto Motta Vieira. Cerca de dois anos dania, pela saúde, pela segurança, pela ção, foram mais dois anos de
depois, foi a vez de Gabriel, agora com dignidade da pessoa humana é ato reno- espera até a chegada de João
um ano e meio, entrar para a família. vado a cada dia quando vejo o sorriso Emanuel, batizado com o nome
dos meus filhos”, relata emocionada. do avô paterno. Apesar da es-
Nascida em uma numerosa família de pera, Liane faria tudo de novo
origem ucraniana, a curitibana Liane sem- Atenta ao conturbado cenário ético, se preciso fosse. “A legalidade
pre sonhou com a maternidade. Imaginava político e econômico do momento, ela é o caminho para evitar perder
uma família como a criada pelos pais, Mi- considera que trabalhar pelo Brasil é tarefa a adoção, sofrer chantagem ou
roslau e Therezinha, mas não tinha ideia pessoal de cada cidadão. “Penso que pre- conviver com a culpa de sone-
do quanto de esforço isso exigiria. “A visão ciso começar por mim mesma, educando gar à criança a própria história.
romântica da maternidade foi repensada meus filhos e não apenas delegando à es- Enfrentem; o resultado vale a
e repaginada. As crianças necessitam de cola, prestando atenção aos valores, às di- pena”, recomenda.
atenção 24 horas e faço esse trabalho com reções e aos princípios que podem receber
muito amor. Estamos dando conta de dois. de mim”, avalia, ressaltando a importância
Quem sabe possamos ter duas meninas?”, de que todos façam também o seu papel.
planeja ela, com braços e coração abertos. “Os filhos do Brasil precisam de atenção”.
Doutora Liane considera a adoção
uma experiência sem paralelos. “Ela
nos revela que o amor ultrapassa fron-
teiras, questões biológicas e genéticas”,
declara. Embora não imaginasse que
esse seria seu caminho para a materni-
dade, ela se recorda de ter colaborado
com um jornal acadêmico escrevendo
um texto sobre adoção e família, nos
tempos em que ainda era estudante de
Direito na PUC Paraná, simplesmente
por se sentir atraída pelo tema.
Assim como fazem tantas outras mu-
lheres advogadas, ela concilia os afazeres
de mãe com a agenda profissional. Quan-
do os filhos vão para creche, entram em
cena as tarefas no escritório, as audiências
e as atividades da Comissão de Apoio à
Vítima de Crime da OAB Paraná, que ela
preside, e da Comissão de Estudos sobre
Violência de Gênero, da qual é membro.
REVISTA dA ORDEM | setembro/outubro | 2016 | 29