Page 28 - Revista da Ordem - Edição 34
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2017 | jan/fev | REVISTA dA ORDEM                   NOVAS FRONTEIRAS
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                                     Inovação
                                       um fator-chave
                                     para a advocacia                                                        Adoção tecnológica

                                               Rhodrigo Deda e Marcio Dumas                                     Para Deda, não existe campo mais fértil
                                                 apresentam sua visão sobre a                                para discutir o futuro do que as start-ups.
                                                                                                             “Antes de terem investidor são negócios
                                              transformação que tecnologia                                   pequenos, então o retorno financeiro não é
                                                      impõe ao mundo do Direito                              grande. Mas é ótimo estar com esse pessoal
                                                                                                             para aprender sobre inovação e conhecer as
                                   Não é segredo que a inteligência artificial está transformando o          novas questões, aquelas que estão causan-
                                              mundo. Até agora assistimos às mudanças em setores de ati-     do ruído no sistema”, afirma. Hoje, mesmo
                                              vidades mecânicas. Datilógrafos, taquígrafos e operadores de   atuando em áreas tradicionais do Direito, é
                                   telex, para ficar apenas nos exemplos ligados aos escritórios, desapare-  preciso ter em conta que atores humanos e
                                   ceram do mercado. A revolução agora chega às áreas do trabalho predo-     não-humanos estão conectados em rede,
                                   minantemente intelectuais, como a Medicina e o Direito.                   gerando uma nova forma de trabalhar. “Os
                                                                                                             advogados que souberem melhor tratar
                                       Nesse cenário, novas habilidades precisam ser desenvolvidas e no-     seus clientes serão os mais bem-sucedidos.
                                   vos campos estudados e explorados. O presidente da Comissão de Ino-       Explico: com o processo eletrônico, o clien-
                                   vação e Gestão da OAB Paraná, Rhodrigo Deda, e o advogado Marcio          te vê o andamento do caso e questiona com
                                   Dumas, membro da comissão, apontam questões chave para os profis-         mais frequência. É preciso criar um mode-
                                   sionais do Direito tomarem parte na                                       lo aceitável, que não esgote ou desgaste o
                                   evolução da atividade.                                                    profissional, para informar o cliente sobre o
                                                                                                             que está se passando”, afirma. Deda lembra
                                                                                                             ainda que a Teoria das Mudanças Acelera-
                                                                                                             das, de Raymond Kurzweil, aponta que toda
                                                                                                             vez que a tecnologia surge, dobra a eficiên-
                                                                                                             cia de um setor a cada ano e meio. “Nossa
                                                                                                             atividade vai mudar muito”, prevê.

                                                                                                             Mergulho digital

                                                                                                                  Na análise dos advogados da Comis-
                                                                                                                 são de Inovação e Gestão, conhecer

                                                                                                                    mais sobre tecnologia e a dimensão
                                                                                                                      da revolução de big data é essen-
                                                                                                                        cial para todas as profissões. Nos
                                                                                                                          Estados Unidos, lembram, aulas
                                                                                                                           de programação já fazem parte
                                                                                                                            do ensino fundamental. “Ser
                                                                                                                             somente usuário já não bas-
                                                                                                                              ta”, alerta Dumas. Para ele, a
                                                                                                                              luz acendeu nas universida-
                                                                                                                               des, mas na área do Direito
                                                                                                                               o assunto ainda não chegou
                                                                                                                               às grades de disciplinas, que
                                                                                                                               carecem dessa visão tecnoló-
                                                                                                                              gica. “Talvez seja bom come-
                                                                                                                              çar pelos cursos de extensão e
                                                                                                                             depois incorporar a tecnologia
                                                                                                                            à graduação”, analisa. Esse co-
                                                                                                                          nhecimento é fundamental para
                                                                                                                         repensar conceitos que pareciam
                                                                                                                       consolidados. “A tecnologia que
                                                                                                                     conversa conosco e as redes sociais

                                                                                                                  trazem novos desafios no direito à ima-
                                                                                                                gem, na privacidade, nos crimes contra a
                                                                                                             honra. É tudo novo”, lembra Deda. Para Du-
                                                                                                             mas, um ponto que ainda precisa ser bem
                                                                                                             esclarecido é o do direito ao esquecimen-
                                                                                                             to. Afinal, diferentemente do que ocorre
                                                                                                             com a versão impressa, uma reportagem
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