Page 10 - Revista da Ordem - Edição 31
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e n t r e v i s t a Juliana Colle Bretas

denação Nacional. Quando se trata da                    As tentativas                 para a prova prático-profissional (o que
prova prático-profissional, inclusive,                  de acabar com                 reduzirá os casos de examinandos que
integrantes da Comissão de Advogados           o Exame de Ordem                       buscam uma área específica para a pro-
Iniciantes nos auxiliam, tendo em vista        são investidas na                      va prática, sem qualquer afinidade com
a necessidade de mais advogados para           desqualificação da                     ela, apenas por questões “estatísticas”).
passar nas salas verificando se a fiscali-     advocacia, depondo                     Outra proposta é que, na prova prática,
zação efetivamente barrou os materiais         contra a democracia                    voltemos a pontuar a língua portuguesa,
de consulta proibida.                          e contra a sociedade                   conferindo nota pela ausência de erros e
                                               como um todo                           reduzindo pontuação pela sua detecção.
A Comissão é composta por profes-                                                     Não podemos admitir futuros advogados
sores e advogados, que eventualmente        indicar a peça a ser elaborada pelo exa-  que desconhecem o vernáculo. A imple-
podem ter algum interesse particular        minando. Essa medida retiraria da pro-    mentação dessas medidas tem sido for-
no Exame. Existem impedimentos              va a avaliação da capacidade de escolha   temente defendida pelo nosso Presidente
para integrar a Comissão?                   do examinando sobre qual caminho se-      Noronha junto ao Conselho Federal.
Sim. Por uma questão ética e por deter-     guir para resolver o problema prático, o
minação de Provimento do Conselho           mínimo que se pode esperar de alguém      Como o Paraná tem se saído no Exame
Federal, não é permitido que a Comis-       que se pretende advogado.                 de Ordem Unificado em comparação
são seja integrada por professores que                                                com os demais estados?
estejam lecionando em cursos prepara-       Que medidas poderiam tornar o Exa-        O Paraná costuma ficar em segundo lu-
tórios para o Exame. Impõe-se, ainda,       me mais adequado?                         gar no ranking de índice de aprovação e
o licenciamento da Comissão enquanto        Já enviamos ao Conselho Federal várias    a Região Sul do País, em primeiro lugar.
algum familiar estiver se submetendo ao     sugestões, entre elas a de que, na prova
certame, o que, aliás, ocorrerá comigo a    objetiva, se passe a eliminar o exami-    O Exame de Ordem é um alvo constan-
partir deste mês.                           nando que “zere” as questões de Direito   te de críticas e tentativas de extinção
                                            Constitucional (conhecimento funda-       – apesar de decisão do Supremo pela
É possível melhorar o Exame de Ordem?       mental para todas as áreas do Direito),   constitucionalidade do Exame, ainda
Acredito na constante busca do aper-        ou as de Estatuto da Advocacia e Códi-    tramita projeto (PL 5054/2005) na Câ-
feiçoamento Exame Unificado. A luta         go de Ética (por não se poder cogitar de  mara, que propõe o fim do Exame de
por questões cada vez mais claras e         advogados que desconheçam suas prer-      Ordem, tratando o mesmo como um
que, ao mesmo tempo, não exijam a           rogativas e também seus limites éticos),  “privilégio odioso” da OAB. Como a
mera “memorização” de textos legais         ou, ainda, as questões da área escolhida  Sra. defende o Exame de Ordem?
encontra cada vez mais resultados. O                                                  À OAB cabe exigir um padrão de co-
perfil da prova, neste sentido, tem me-                                               nhecimentos e de habilidades indispen-
lhorado muito e a redução do número                                                   sáveis ao exercício profissional, já que
de questões anuladas já indica esta pre-                                              a advocacia tem relevância significati-
ocupação por parte da FGV e da Banca                                                  va para a sociedade, sendo alçada pela
Examinadora. Mas ainda há muito o
que melhorar. A CEEO/PR, é preciso
que se diga, tem buscado e defendido
maior rigor nas regras do Exame. En-
tendemos que já houve muitas “flexi-
bilizações” na história do Exame Uni-
ficado (como a redução do número de
questões; a possibilidade do acadêmico
quintanista realizar a prova; e a criação
da “repescagem” - que permite o apro-
veitamento da aprovação na primeira
fase para mais um Exame subsequente)
e que houve o esquecimento de se fazer
o necessário contraponto para adequar
a severidade das regras do Exame ao
grau de qualidade técnica que se precisa
exigir dos futuros advogados. Por isso,
a Comissão e a OAB/PR foram absolu-
tamente contra a proposta feita no iní-
cio deste ano (e não aprovada) de que
a prova prático-profissional passasse a

10 | setembro/outubro | 2016 | REVISTA dA ORDEM
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