Page 16 - Revista da Ordem - Edição 26
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notícias                          Para Gilmar Mendes,
                                  é preciso acabar com as
                                  coligações nas eleições
                                  proporcionais

“ Estão acabando
com a presunção
da inocência”

Antônio Carlos de Almeida         Ministros defendem
                 Castro (Kakay)   a urgência de uma
                                  reforma eleitoral ampla
  Um dos autores do texto que
resultou no impeachment do ex     Defendendo uma reforma polí-             daquela data. Desde então, ocorreram
-presidente Fernando Collor e                tica completa, o ministro do  10 eleições e o Congresso alterou a lei
atualmente defensor de acusa-                Tribunal Superior Eleitoral   por 11 vezes”, pontua.
dos na Lava-Jato, o advogado      Henrique Neves criticou a falta de
Antônio Carlos de Almeida Cas-    unidade e as alterações constantes na        Para Neves, as alterações ape-
tro teceu duras críticas à forma  legislação eleitoral em sua apresenta-   nas afetam minúcias que acabam
de condução das investigações     ção no V Congresso Brasileiro de Di-     por dificultar o trabalho da justiça
da operação.                      reito Eleitoral, realizado em Curitiba   eleitoral e do Ministério Público na
                                  no início de abril. “O Código Eleito-    fiscalização das eleições.
     “Não admito que juiz, pro-   ral é de 1965. A Constituição de 1988
motor ou policial diga que quer   determinou que se fizessem comple-       Humildade | Para o ministro
mais do que eu – ou do que        mentações e em 1997 foi criada a Lei     Gilmar Mendes, do Supremo Tribu-
qualquer estudante ou advoga-     Geral das Eleições, que deveria servir   nal Federal, é preciso criar no Brasil
do aqui presentes – o combate     de base para todos os pleitos a partir   “um sentimento nacional de humil-
à corrupção. Todos queremos.                                               dade” em relação à reforma política.
Mas o que queremos deixar
para depois? Essa é a pergunta    Inelegibilidade:                            A inelegibilidade por rejeição de
a ser feita. Da forma como está   Tribunais de Contas                      contas é o principal motivo de im-
acontecendo, é humilhante. Ad-    x Justiça eleitoral                      pugnação de registros de candidatu-
vogado sequer está tendo aces-                                             ra nas eleições brasileiras. Mas a lei
so aos autos. Prisão preventiva                         Marilda Silveira   complementar 64/90 ainda deixa em
virou obrigatória, e o habeas                                              aberto uma pendência crucial a res-
corpus já não tem mais o papel                                             peito: de quem é a palavra final para
que sempre teve e lutamos para                                             decidir a inelegibilidade baseada
que tivesse”, criticou.                                                    na prestação de contas: Tribunal de
                                                                           Contas ou Justiça eleitoral?
     Castro também condenou o
vazamento de informações à im-                                                  Para Marilda Silveira, mestre em
prensa. “Passa-se a criminalizar                                           Direito Administrativo, estamos viven-
o papel do advogado ao usar                                                do um “arranjo” para salvar a aplica-
a mídia para fazer o prejulga-                                             ção de inelegibilidade. “Os acórdãos
mento. Entrevistas coletivas de-                                           dos Tribunais de Contas não trazem a
talham a vida de cidadãos que
sequer ainda são réus. Depois,
nas erratas, saem duas ou três
linhas. A marca da denúncia fica
para sempre”, lembrou.

16 | abril | 2016 | REVISTA dA ORDEM
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